terça-feira, 22 de maio de 2018

O AMOR DOENTIO 3G... 4G...

      Não dá para ser mais direto... direto como uma ligação de celular para celular, direto como uma mensagem do... "zap zap".

         Me peguei pensando, na evolução das comunicações e principalmente da neurose, do desespero, das pessoas que não sabem exercitar o amor próprio.

          Vamos lá... é tempo de desagradar o pessoal, tirem os band-aids, curativos, que é hora de cutucar a ferida, afinal, não cheguei aqui para ser legal o tempo todo, mas para cutucar mesmo, até porque, alguém precisa ser o chato da história certo ?

            Lá atrás... ( eu vivi isso ), quando você chegava em casa e encontrava uma carta, manuscrita, endereçada à você, e daquela pessoa que você imaginava perdendo alguns minutos confeccionando este "artefato", o coração batia mais forte, você esboçava um sorriso, e abria aquele envelope com o cuidado de um arqueólogo que retira as bandagens de Tutankamon... e era algo palpável, sólido como a realidade do momento.
       
                  
Uma ansiedade boa... saudável.

                E aí... chega a modernidade, aquele aparelho preto que alguns tinham em casa, e que tocava como a campainha do recreio na escola, você corria, atendia e se não era para você... não morria por isso, e alguns minutos depois já tinha mais o que fazer.


Nada de "dramaturgia" excessiva dormindo com essa "bigorna" sobre o travesseiro.

              Muitos "tilintavam" pelas ruas, no tempo dos bancos com portas escancaradas (seriam todos barrados hoje), e daqueles artefatos enormes que encontrávamos em várias esquinas, artefatos estes que nos mantinham... "conectados". 
E as pessoas esperavam na fila para ligar para os pais, para aquela pessoa especial, para avisar que chegariam atrasados...
ansiedade era para os fracos.

Eis o que "tilintava" nos bolsos e bolsas na época, quem tinha nos bolsos, estava preparado para tudo, desde manter os pais informados da localização, até namorar pelo telefone em público enquanto a fila crescia atrás.

      O tempo passou, a necessidade de comunicar-se mais rápido cresceu, e estranhamente a neurose, a ansiedade e o desespero cresceram no mesmo ritmo, e fica a questão no ar:

" DO SENTIMENTO EXPRESSO LÁ NO COMEÇO, NAS CARTAS, BILHETES, TELEGRAMAS, ATÉ O QUE VEMOS HOJE NAS MENSAGENS INSTANTÂNEAS NOS CELULARES, O QUE MUDOU ? O AMOR FICOU MAIOR, OU ELE FICOU LÁ ATRÁS COM AS CARTAS ? SERÁ QUE O AMOR NÃO FICOU EM SEGUNDO PLANO ? SOTERRADO PELA NEUROSE DE TER EM MÃOS UMA GUIA, E UMA COLEIRA CHAMADA... CELULAR ? "

            Muitos sofrendo porque uma mensagem não foi respondida instantâneamente, revoltam-se, a imaginação voa... imagine se precisassem esperar pelo carteiro ? Suicídio ?

               É preciso desacelerar, o fato da comunicação ser mais ágil, não significa que a pessoa do outro lado, precise viver ao lado da tomada, com um carregador em mãos e aguardando por você !

                Nem todos precisam treinar a digitação em telefone, como praticavam datilografia antigamente, esperar isso de alguém, é preocupante ( pelo menos para mim ),e não deve ser pré requisito para determinar o interesse da pessoa, principalmente porque ainda podemos considerar falta de educação, atender o celular em determinados momentos.
                   Se a notícia ruim chegava no tempo da carta e do orelhão, chega agora do mesmo jeito... então relaxe.

                    Nem todos ficam desesperados por uma tomada quando a bateria acaba, quando acabava a tinta da caneta, o sentimento na hora de escrever a carta seria o mesmo no dia seguinte ao continuá-la.

                      Quem determina o interesse da outra pessoa, pelo tamanho do texto, e velocidade de resposta, está na verdade no "drive trhu" dos relacionamentos, quer agilidade.
                       Quem quer mesmo... "saborear a relação", vivênciar a experiência plenamente, não vai preocupar-se com o sinal do celular, pois sabe que o sinal mais importante sempre chega, na hora que deve chegar.

                     Chega de:

                       -Desespero por resposta instantânea
                       -Controlar o(a) outro(a) pelo celular
                       -Usar celular como remédio para solidão

                Se a demora na resposta no tempo das cartas significasse falta de amor, não estaríamos aqui certo ?

                Não atrele o sentimento a velocidade de resposta do outro, de repente o sinal está ruim, a bateria acaba, e um comentário mal recebido à respeito da demora que você encara como descaso... pode por tudo á perder.

                  Isso vale para aamizades, amores, etc...

                  "Tem gente tão ansiosa, mas tão ansiosa por aí, que se enviasse uma carta hoje, depois do expediente estaria na casa do carteiro para saber se o destinatário visualizou..." .

                  Relaxem.


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