segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O HOMEM MAIS VELHO... UM CONTO.

       
     Os olhares se cruzaram...
     ela mais nova, quase a metade da idade dele, aquele viço, aquele frescor da juventude exalado por todos os poros.


     Entreolharam-se... novamente.



     Parecia que os olhares estavam se buscando a todo momento, e...      realmente estavam.



     Ele admirava os trejeitos delicados, os gestos sutis e vigorosos como tudo o que está atrelado a juventude.



     Ela identificou um certo charme nos cabelos grisalhos, no olhar decidido, na maneira discreta de ser que ele apresentava.



     Logo estavam conversando, uma conversa leve, cheia de amenidades, nada incisivo ou direto, apenas amenidades, ele encantado com o riso fácil e o bom humor dela, ela admirando um homem que não se aproximou confundindo "pegada" com "falta de respeito" como os rapazes de sua idade.



    Trocaram telefones, saíram, não viam o tempo passar quando estavam juntos.

    E como tudo acontece naturalmente quando existe a maturidade necessária, o relacionamento ameno evolui.


    Era um companheirismo que ela não conhecia, e que ele à muito esquecera, um equilíbrio entre o querer viver e saber cada vez mais, e o querer compartilhar e viver sem perder tempo, viver... como se deve, errando menos.



    Ele trazia ao mundo dela, serenidade, equilíbrio, uma visão madura e diferente de tudo, ele a trouxe para o mundo das mulheres de verdade...

    ela trouxe ao mundo dele, mais vida, mais cor, mais sabor, uma verdadeira fonte da juventude.


    Simbiose perfeita.




    Entendiam-se sob vários aspectos, ele a ensinou a respeitar os espaços, a dar espaço, e ela o ensinou a querer encurtar espaços...  entendiam-se.



    Mas...            ele tinha outras preocupações na vida, outras metas, estava em meio aos planos que traçara à tempos, e ela apenas começando, dando forma aos próprios planos somente agora.

    Ele ouvia a voz da razão, as vezes deixava que esta dividisse espaço com a emoção, mas somente em alguns momentos.
    Ela ouvia a voz da emoção,a razão deixava para quando fosse mais velha.


    Mas no final... compreendiam um ao outro.



    Havia lealdade, comprometimento, respeito... ambos cada qual ao seu modo, amadureceram na relação.



    Evoluíram.



    Hoje vivem bem... dividem o mesmo teto, planejam, perseguem sonhos, as vezes frequento a casa deles, e admiro o que construíram, apesar dos olhares atravessados, das brincadeiras devido a diferença de idade ( não mais do que vinte e poucos anos ), o que eles construíram resistiu, cresceu, e ouvindo quando contam a história deles, entendo que eles estavam abertos ao novo, estavam abertos a evolução, entendo que eles não se olharam como homem e mulher apenas na primeira vez.

    Mas apenas... se olharam.
    E viram através daquilo que os outros viam, foram além da superfície.


    Ela diz que a diferença de idade, os filhos dele, os amigos, que tudo fora um grande desafio, mas que ela entendera que não bastava conquistá-lo, mas sim conquistar o direito de estar ao lado dele, ao lado de uma vida formada...

e ele diz que precisou aprender de novo a namorar, a conquistar e a respeitar alguém que queria entrar em sua vida, uma vida já formada.


    Maturidades que se criam, que se evoluem... e que quando unidas no momento certo, convergem e fazem tudo conspirar a favor.



   Ela me confidenciou uma vez... " ficava assustada, preocupada, afinal ele tinha filhos, conhecia muitas mulheres interessantes, mulheres bonitas, estava em um patamar que eu ainda preciso atingir, foi difícil."



    Ele por sua vez admitiu... " foi estranho, não conseguia parar de olhar para ela, fiquei preocupado em parecer um daqueles caras babões que ficam atrás de menininhas, mas quando a vi, foi através dos olhos que eu tinha à vinte anos atrás, foi inevitável."



    E eu compreendi algo que aprendi à algum tempo...

não importa como, onde e quando, quando aquele momento acontece, quando tudo conspira à favor, quando é o momento de ambos, quando se esbarram e fica aquele "?" no ar... melhor prestar atenção aos sinais.


    E como sempre digo ( e já não aguentam mais ouvir ou... ler ) "Nada é por acaso, o acaso é resultado do seu descaso, preste atenção aos sinais ". 

    Idade, distância, condições sociais, tempo...  a vida não separa ou distancia as pessoas, a vida as prepara para o momento certo, quem estará do outro lado ? Só a vida sabe...      .