domingo, 3 de novembro de 2013

UM CONTO DE FUTILIDADE... ( UM LAMPEJO DE REALIDADE )

       Como de costume... nem sempre sou muito "diplomático" quando o segredo é colocar o dedo na ferida.
     Até porque... o "dedo na ferida", pode ser mais eficaz do que café forte, do que banho frio, ou mais eficiente do que aquele despertador do seu avô que acordava a casa toda.

     Mas... porquê um conto de futilidade?

     Só mais um exemplo daquilo que nos cerca, e da realidade que algumas pessoas insistem em viver.

         E...

          ...ela olhou-se no espelho, admirou os olhos, seus contornos... sabe que tem um sorriso encantador, borrifa o caro perfume importado em seu colo...(ainda sendo pago nas faturas do seu cartão de crédito ), buscou em seu guarda roupas, uma roupa que fosse capaz de valorizar seus atributos físicos, que valorizasse as formas que luta para manter.
     Lembrou das últimas abordagens que ocorreram quando produziu-se assim da última vez, um sorriso nada tímido escapou entre seus lábios.
           Ela sabe que é atraente... e sabe trabalhar isso, mas não compreende que esta arma de sedução tem prazo de validade.
           E ela em suas aspirações de grandeza, e no sonho aguardando o príncipe encantado, cuida bem da embalagem, mas esquece do... conteudo.

            Atributos na cozinha? Qualidades que a tornem uma dona de casa? Uma mãe? Uma... esposa? Todas efêmeras... todas dispensáveis, afinal, ela busca alguém que lhe forneça tudo isso, sem o esforço que ela acredita ser desnecessário, pois ela... ergue-se em seu pedestal de assédio,e este, é para poucos e bem selecionados.

             Será?

            Um dia ela vai entender que, ser uma boa dona de casa, uma boa mãe, uma boa esposa... não significa submissão,e que hoje em dia um casal de verdade divide estas tarefas, que na verdade são a base de qualquer relação madura, de qualquer relação realista,e não uma afronta ao seu sonho de "conto de fadas".
            Até porque... a mulher de verdade, trabalha, colabora, não busca ser "sustentada" pois em seu orgulho a amor próprio ( coisas de mulher de verdade mesmo), ela quer e busca seu espaço profissional, pois ela merece.
             E uma ressalva... " um homem vai apaixonar-se por esta mulher, a que compreende isso,e não pela submissa."

            Sonhar... não é errado, mas não deve ser confundido com a realidade.

            Quando confunde sonho com realidade... surge a pessoa que acredita que o "camaro amarelo" realmente deixa alguém... doce.
            Quando chega neste ponto... ao invés de carregar o "rótulo" de pessoa de valor, acaba carregando a sina de "produto", ou seja é uma pessoa com um preço.
             É um bem de consumo... que sempre poderá ser trocado por outro mais novo, mais adaptado, mais... interessante.

            Mas... ela não sabe disso, afinal, não é uma realidade aceitável para alguém com as suas aspirações.
                Ela pode fazer terapia, buscar "ajuda" profissional para compreender suas escolhas, mas no fundo ela só quer ouvir de alguém... "o importante é que você seja feliz e sinta-se realizada".
                  Pois basta uma, apenas uma palavra que seja favorável, e sua consciência será aplacada, sim ela tem consciência, todos nós temos, mas alguns a relegam a segundo plano, quando o primeiro geralmente é... "equivocado".

                  Mas será que esta pessoa sofre por não viver seu conto de fadas, ou por ser obrigada a viver a realidade, a vida real?

                    Afinal, o que pode demovê-la de seu sonho, de seu conto de fadas?

                  Apenas o mais implacável dos juízes, dos juízos... o tempo.

                    Com o tempo, esta pessoa vai notar que abriu mão de oportunidades reais de ser feliz, que abriu mão de pessoas e situações que a marcariam de maneira positiva,e que agora, aquele belo olhar sedutor, aquele sorriso encantador, e até mesmo o perfume... não combinam mais com o momento,e que ela acabou tornando-se a pessoa  que deveria ser desde o princípio... a pessoa certa, honesta consigo mesma.

                       No fundo... ela sempre soube, mas preferiu sonhar com o beijo do príncipe encantado,e abriu mão de todos os outros verdadeiros, mas que exigiam uma dose de realidade que ela não sabia suportar.

                       Fútil? Apenas quando deixa o sonho do conto de fadas tomar conta, e quando faz do que vê e admira no espelho, um meio de garantir admiração, favores... e isso some de vez em quando, num lampejo de realidade.

                       Quem sabe?