Alcançara seu objetivo, a carreira perecia deslanchar, oportunidades profissionais de virar a cabeça, e gerar sonhos e mais sonhos, o mundo estava à seus pés, bastava caminhar por ele.
Não lhe faltavam simpatia, admiração tanto profissional quanto pessoal, conhecia pessoas e lugares, gostos, odores e sabores diversos, culturas diferentes, vivia o mundo, e a liberdade, aproveitava o momento, cada momento.
Em seu passaporte da vida carimbos de todas as formas, cores, tamanhos, situações de todos os tipos, mas apenas uma página ficava em branco.
A reservada aos relacionamentos.
Não que não fosse algo desejável, mas não havia tempo para isso, não havia peso suficiente para que esta página em branco pesasse na balança das decisões, talvez por comodismo, talvez por insegurança, ou até mesmo por não saber conciliar o mundo externo e o... interno.
Das fronteiras que cruzara, a dos relacionamentos parecia ser a menos interessante, pois de todos os lugares à serem visitados ou já visitados, este parecia o mais imprevisível, volátil, arriscado, com poucas informações à respeito de hospedagem, de segurança.
Segurança... .
E assim levara sua vida, intensa, marcada por paisagens incríveis, sensações diferentes, seu pano de fundo com paisagens cinematográficas de encher os olhos, mas de repente algo se faz notar em cada foto... está sempre só diante dos cenários mais incríveis que a vida pode apresentar.
Ao mesmo tempo que divide estes lugares com vários observadores, na realidade não divide com ninguém o momento, o sentimento.
Mas a vida lhe era generosa, e continuava a apresentar novos caminhos, novas paisagens, novas oportunidades, e assim ele passou... o tempo.
Um dia parou... reviu os carimbos, as fotos, relembrou sensações e momentos que se foram, eternos na lembrança, mas... passageiros.
Sorriu.
Sentiu.
E ao passar por aquela página em branco, a que poderia estar marcada por relacionamentos ou... relacionamento, percebeu que o tempo passara, que a oportunidade de ter alguma lembrança ou de estar vivendo algo ainda para marcar ali, naquela página em branco seria remota.
Mas não impossível.
Lembrou de tudo o que vivera, das pessoas que deixou que entrassem e saíssem de sua vida, começou a pesar na balança aquelas que transmitiam a sensação de segurança quando a palavra relacionamento vinha à mente.
Começou a ver esta fronteira com outros olhos, mas agora, tempos depois de abrir mão da oportunidade de cruzar estas linhas, olhou ao longo dela e notou que as pessoas que demonstraram interesse em viver esta aventura ao seu lado, já estavam além da fronteira, das linhas, dos limites e já contavam com outra companhia.
E viu que nas imagens que estas pessoas compartilhavam, o que realmente valorizava o pano de fundo, o cenário das fotos, era aquela imagem de duas pessoas dividindo o momento, vivendo o momento, e prontas para o próximo.
A maior aventura que alguém pode viver, vem de dentro, vem da coragem de dividir a vida com alguém, altos e baixos, precipícios e obstáculos todos enfrentaremos ao longo da vida, estejamos sós ou acompanhados, o que importa, é saber dar valor aos momentos bons vividos em conjunto,e utilizar os momentos difíceis como aqueles calos que ajudam a suportar por mais tempo as novas escaladas, e que nos garantem experiência para não temer o que está lá do outro lado da linha que separa o "eu"do "nós".
E então compreendera que o maior obstáculo da vida, é o tempo perdido, e que suas atitudes é que o tornariam ( o tempo ) mais ou menos implacável.
Como na física... toda ação provoca uma reação... a intensidade só depende de nós mesmos.