terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

CARTAS SOBRE A MESA...

  Quando foi que você recebeu, ou escreveu uma carta, de próprio punho pela última vez ?
  Não se lembra ? Nunca recebeu ? Já nasceu e cresceu no meio digital ?
 Ou... lembrou agora da alegria de ter em mãos uma carta endereçada a você, aquela que você esperou ansiosamente, trazendo notícias, respostas, novidades, relatando o cotidiano de quem lhe era caro.



 A carta era um acontecimento, era de uma simplicidade complexa, era um exercício de resiliência aguardar a sua chegada... ou não.

 Não é como hoje, que o e-mail, a mensagem de texto, o caminho absurdamente rápido massageia e prepara para o jogo, a depressão, a ansiedade da falta de resposta imediata.

 Já pensou em escrever uma carta para quem está aí ao seu lado ? Sim, para esta pessoa que pode estar sentanda agora no mesmo sofá que você, com os olhos literalmente grudados na tela da tevê ou do celular.

 Já que pequenos espaços hoje em dia podem significar grandes distâncias, então reduza-as voltando ao básisco, a carta.

 A carta é um carinho, é um "importar-se" de verdade, é um bem querer.

Não é brega não...  é simples, é direta, é mágica.

Escreva e envie uma carta sem dizer nada, apenas envie, ainda que seja para o seu endereço, deixe as palavras fluírem.

Tire dúvidas, questione, reafirme.

Se estiver vivendo um momento conturbado com alguém, coloque alí, na simplicidade do papel, aquilo que te incomoda.

Declare-se.



A carta tem a magia de recontar momentos sob novos olhares, à cada releitura uma descoberta, um novo entendimento.

Você a lê hoje... e compreende de uma maneira, relê novamente daquí a alguns anos e tudo parecerá diferente, porque estará vivendo um momento diferente,e porque já haverá a soma de experiências novas, e tudo muda.

A carta pode ser lá adiante, a resposta quando você se olhar no espelho, pensando... onde se perdeu.

A carta é real, ela não te deixa na mão quando falta energia elétrica, ou sinal.

Ela é palpável, e dependendo do conteúdo, é como segurar a mão de alguém enquanto lê.

Pense nisso, afinal, porquê não ?

Escreva uma carta, ainda que seja para você, questionando-se, aconselhando-se, olhando-se de fora.

Você consegue.