domingo, 5 de abril de 2015

O REENCONTRO... UM CONTO... SEM PONTO.

      Um dia após conversas e mais conversas, após uma aproximação que não se sabe bem como começou, combinaram um encontro, um local inusitado, diferente, mas claro seguro e cheio de gente.

       Combinaram de tomar um café em uma das cafeterias do aeroporto.

       Encontraram-se, em meio ao vai e vem da multidão entreolharam-se, aquela dúvida no ar, tentando imaginar o que o outro estaria pensando, analisando, se era uma decepção ou nem tanto.

       Cumprimentaram-se... e buscaram algum lugar agradável para sentar e conversar.

       Tomaram um café... ele rendeu-se ao sorriso tímido dela, e a confissão de que aquilo seria uma loucura, claro ele também concordaria com isso, afinal, dois estranhos se encontrando pela primeira vez, o que poderiam conversar?

       E falaram amenidades, tiraram dúvidas à respeito um do outro, riram, sorriram um para o outro, e resolveram sair dali.

       Estava tão leve, agradável e tornou-se tão natural, que resolveram "esticar" o encontro... e ela como boa anfitriã e conhecedora do local, sugeriu um bar com música ao vivo.
      Cada qual em seu veículo, ele a seguiu...         .

       Sentaram-se em uma parte mais elevada, haviam alguns casais, algumas pessoas recostadas no bar atrás deles,e uma banda tocando algumas músicas anos 80. ( E para quem sabe o que foi o cenário musical dos anos 80, fica fácil entender como o fundo fica perfeito )

      Ele notara a maneira sóbria dela de vestir-se... um sobretudo branco, sobre um vestido preto, discreto... como ela.

      Mas como ela poderia ser discreta com aquele sorriso ?

      Impossível.

      Ele pediu um beijo... ela sorriu tímida, ficou em dúvida, relutou, mas... cedeu.

     Beijaram-se... à princípio timidamente, mas com uma ternura que parecia só ser possível com uma longa convivência, com anos daquele beijo,  daquela experiência.
     O tempo voou... como sempre quando tudo está perfeito.

     Seguiram para seus veículos, ele a acompanhou, ela o guiou até uma parte do caminho, pararam próximo à uma praça para a despedida, mais um beijo... e uma constatação por parte dela que marcou.
     Ela olhou nos olhos dele e disse "Seu beijo é tão suave, que parece que eu estou me beijando".

     Separaram-se.

     A vida que prega peças, os separou, perderam o contato... um bom tempo se passou até que... surge aquele "oi" no computador.

     Um suspiro, aquela dúvida no ar... um misto de apreensão e alegria, um frio na barriga bem típico da adolescência, em determinados momentos, certos sentimentos suprimem toda e qualquer vivência, experiência.

      Retomaram o contato, apesar do tempo passado, parecia que aquele encontro mágico havia ocorrido no dia anterior.
      Sinal de que nunca se desconectaram verdadeiramente.

      Conversaram, abriram suas experiências neste intervalo de tempo, trocaram confidências e revelaram suas carências.
      Uma intimidade só possível aqueles cujo beijo pode não ter sido o primeiro, mas foi de longe, lá dentro... de todos talvez o mais verdadeiro.

      É uma história de reencontro, um amor de conto... algo que ambos sabem agora que não terá tantas vírgulas mais, ou melhor, que em nenhuma frase ou fase vai chegar logo, aquele que marca mais um final... o ponto.

      Agora correspondem-se, falaram-se ao telefone, demoradamente, declararam-se, apaixonaram-se pela voz e pelas ideias um do outro novamente, ou seja, é apenas o reencontro de almas que compreendem-se.

       Se é uma obra de ficção, apenas um conto, quem sabe ao certo ?

       Os dois sabem e isso lhes basta, pois os primeiros olhares trocados naquele local marcado por chegadas e partidas, talvez tenha sido apenas o prefácio de uma bela história, marcada por idas e vindas.

      Se os conheço... ?

      Quem sabe.

      Continuação... ?

      Se depender de ambos, esta viagem terá só o embarque... nada mais de desembarques.

       Nas idas e vindas, nas despedidas incertas, nas chegadas, a única certeza que se pode ter, é a de que nada é por acaso... 
e que o acaso é resultado do seu descaso...
melhor sempre prestar atenção aos sinais.