Conversa vai, conversa vem, assunto recorrente quando relacionamentos entram na pauta.
Alguém sempre pergunta à respeito dos meus relacionamentos, uma sabatina pra candidato ao STF ( quando ainda era sério ) nenhum botar defeito.
Quarenta e alguns verões passados já, e eu me pego pensando em como seria realmente estar com alguém, pesando na balança aquilo que aprendí, levando em consideração as minhas "topadas" com o dedinho na quina, ou seja, aqueles tropeços inevitáveis.
Penso nas pessoas que conhecí, que conheço, que se aproximaram, que se afastaram, pensei nas minhas "pisadas" na bola, e claro, nas vezes em que pisaram na bola comigo, afinal, nem tudo na vida sai como planejado certo ?
Não sei se saberia dividir todos os dias, todas as horas com alguém novamente, não sei se saberia lidar com isso de maneira tão natural como antes.
Certamente os velhos erros do passado eu não cometeria, ainda mais aqueles que afastaram pessoas realmente especiais.
Até porque, olhando para o passado, penso naquele ditado "errar é humano", mas aí bate aquela voz no ouvido e diz... "mas insistir no erro é comigo mesmo".
Brincadeiras à parte, me peguei pensando em algo que escreví tempos atrás, falando à respeito daquilo que espero da outra pessoa, que espero o reflexo daquilo que ofereço, o meu melhor.
E quem garante que o meu melhor seria o melhor para oferecer a alguém ?
Vixe! Já estou filtrando de novo.
Bem, brincadeiras à parte, realmente em alguns momentos faz falta um certo alguém, faz falta aquele aconhego na madrugada, aquele momento de intimidade que vai além do abraço amigo.
Seria hipocrisia demais dizer que não sinto falta.
Mas... aí penso naquilo que valorizo,e que parece não ter valor algum hoje em dia.
É, sou romântico, gosto de criar um clima, penso na música, na situação, acho legal surpreender a pessoa, gosto de cozinhar para quem me encanta, tenho aquele negócio de abraçar e dizer "vem cá que eu te protejo do frio", gosto de tirar para dançar, mas dançar... "olho no olho", rosto colado, ou seja... tudo aquilo em desuso.
Não existe uma fórmula exata para uma relação funcionar perfeitamente, duas pessoas, são dois indivíduos, duas personalidades diferentes, com alguma empatia ou que em algum ponto identificam-se, e saber começar a "costurar" a relação à partir deste primeiro ponto, é que demanda tempo, maturidade, vontade e persistência.
Não dá para nas primeiras vezes, começar um bordado e criar uma obra de arte, é preciso furar muito os dedos, calejar as mãos, e com o tempo, tudo se aprimora, por isso acredito que a maturidade quando realmente chega, acende aquele luminoso dizendo "porquê não" ?
Gosto de comparar o relacionamento a cozinha ( uma paixão minha ), com o tempo aquelas "pitadas" disso ou daquilo, começam a ser mais bem dosadas.
Passei do ponto, onde a barriga chapada, as curvas bem delineadas, os padrões impostos pela mídia entram em cena, entram no roll de quesitos à serem observados.
Costumo dizer que uma embalagem bonita encanta, pode até convencer, mas até purgante pode ficar atraente em embalagem boa, e nem por isso dá para encarar todo dia. ( lembre-se, embalagem atraente é um perigo para crianças, por isso relacionamentos devem ficar fora do alcance de quem não tem maturidade... a massagem do ego não compensa o sofrimento da alma )
E viajando aqui e alí, me peguei pensando nos relacionamentos que tive,e naquilo que encontrei pelo caminho, e que se somados, seriam uma fôrma ideal, até entraria naquela "viagem" da existência do "par perfeito", (que sabemos que não existe) e que até já ganhou um texto neste blog ano atrás.
Mas ainda assim, num exercício de montar um quebra cabeças, pensei naquilo que realmente me encanta... e ficou assim.
Uma timidez misturada com atrevimento, aquela coragem de me olhar nos olhos quando eu disser "vamos ?", e ao invés de responder com um... " mas para onde vamos ? ", dizer... " vamos!".
Aquele olhar de preguiça de vez em quando, que sem palavras diz; " bem que poderíamos ficar assim, na cama, no sofá, pelo chão... sem planejar nada né ? ", aquele "cafuné" gostoso quando estou dirigindo, rir de bobagens e situações bobas mesmo, sem a preocupação com o... "políticamente correto opressor" do cotidiano, ser surpreendido com um beijo ( e como diz a música "...sem porquê nem pra quê, sem ser necessário entender..." ) , que aceite ser tirada para dançar, mesmo se não houver música, porque eu sei que alí olho no olho, não existe platéia, só o momento, gostaria daquele completar de frases, quando um completa o que o outro vai dizer, ouvir aquela música que de repente a pessoa bota para tocar, e que bate com o que você pensava, aquela maturidade para deixar fora da relação os problemas, os dilemas do dia a dia, mas ao mesmo tempo, ter a sensibilidade para reconhecer a luta do outro, as conquistas e as derrotas que causam aqueles silêncios essenciais, coisas do espaço que cada um merece ter preservado. ( É importante que um reconheça o espaço do outro, adolescentes não sabem valorizar os momentos longe da pessoa amada, adultos sabem que isso deve transformar-se em valorização do outro e dos momentos à dois )
É importante saber, que o sexo pode ser bom, sensacional, que a cama é importante, mas que ter o que conversar pesa muito, porque depois do sexo, se não há o que dizer, então era realmente só... sexo. ( E para isso não é preciso compromisso )
Todos temos um passado, uma história, uma trajetória, nem todos estão na mesma condição social, nem todos estão de acordo com os padrões estéticos ou esperados pela sociedade.
É preciso respeitar a realidade que cada um traz para a relação, esta é uma das bases do amor verdadeiro.
(O que vai dar forma a relação, é a união de vários pontos, que olhando de fora mostrarão uma obra de arte realizada à quatro mãos, dois corações, duas bocas...)
Mas afinal... quem vai viver a relação ? O dia a dia ? A sociedade, seus amigos, ou você ? Por isso à muito deixei as convenções de lado, por isso valorizo o conteúdo, por isso procuro sempre olhar além da superfície, e principalmente valorizo muito a discrição, com o tempo tudo se ajeita e aquilo que for surgindo para os outros, surgirá naturalmente, não como uma apresentação baseada em convenções.
Escolher alguém pela aparência, massageia o ego, mas se for este o quesito básico, as chances de dar certo... xiiii.
Escolher alguém pelo status social, pode ser interessante sob algum aspecto ligado única e exclusivamente ao "interesse material", mas sempre haverá alguém que pode "oferecer mais" e aí... quem tem preço... nem preciso dizer mais nada certo ?
O importante é que a cumplicidade esteja presente, se estiver, a relação será aquilo que pode ser, será aquilo que deve ser, e quem vai determinar o rumo, é a maturidade.
E de repente alguém diz: "Esse cara quer demais né ?"
Claro que eu quero, se vou oferecer o meu melhor para alguém, precisa valer à pena, já tenho tempo de praia suficiente para não desperdiçar energia tentando surfar marola.
E você... o quê quer ?
Perfeito
ResponderExcluirO que eu quero? Por alguns instantes senti quero vc!! Ahahahahahhah. Menino, vc é muito bom para transformar sentimentos em palavras, viu. Não vou lhe dar os parabéns porque isso caberia a um professor que aprecia a boa dissertação, mas vou lhe dar o meu "feedback": em vários momentos sorri, levantei as sobrancelhas e tentei me lembrar se eu já li ou já ouvi algo parecido e a resposta foi não! Então, deixo aqui o meu obrigada, mas sem me sentir obrigada a nada pela boa reflexão. Grande abraço - Gê.
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