domingo, 21 de agosto de 2016

CARÊNCIAS, "SOFRÊNCIAS", APARÊNCIAS...

     A carência... ou... a ditadura da carência como já descrevi em outro texto, parece fazer parte do roll de "doenças modernas", sim, doença.
      Porquê me refiro à isso como... "doença" ?

    Pelo simples fato de notar ao observar o crescente número de pessoas afetadas por isso, que estas agem de maneira desconexa da realidade, do bom senso, parecem estar sofrendo de uma crise de abstinência, mas não física e sim social.
       
      Certo... não sou nenhum expert no assunto se pensarmos pelo lado clínico, mas eu observo, eu vejo, eu ouço, eu noto as mudanças ao meu redor, observo pessoas próximas, amigos, colegas, conhecidos, ou fico até mesmo sabendo de histórias à respeito nas conversas.
     Não é preciso ficar debruçado sobre livros para compreender que estamos vivendo sim uma ditadura da carência. A mesma rede social que une, separa, a mesma sociedade que sempre reclamava da frieza dos contatos entre as pessoas, se afasta cada vez mais, cria nichos e isolamento devido a rede social, é a mesma rede que todos julgavam ser a solução para a solidão, a distância, o isolamento, e que agora serve para ampliar todas as "picuinhas", e "medíocridades" da sociedade, mas de forma global, ampla, irrestrita, abrangente.

         Pessoas que vendem imagens falsas ( porque certamente existem as que compram ), pessoas que criam uma nova identidade para agradar aos outros, pessoas que buscam suprir carências, pessoas que buscam tirar proveito de quem quer suprir estas, enfim... o mesmo universo da vida real, mas ampliado e com alcance maior agora.

         Ninguém parou para pensar que... o mesmo personagem que era observado na vida real e que fazia pensar "esse é picareta", ou... " este finge ser o que não é",está presente na rede social ?
" Cuidado ao exibir sentimentos, nem todos que surgem com um carinho virtual... realmente se preocupam "

           O quê mudou ? Apenas a plasticidade da coisa toda, os personagens do teatro da vida, agora estão na telinha, com produção elaborada e texto ensaiado, por isso parecem cometer menos erros.

            Quem é real, olha nos olhos, busca isso, e quem está acostumado com isso, sabe diferenciar quem é verdadeiro de quem não o é.

             Claro... não sou hipócrita ao ponto de dizer que só o que vale é o contato real, pois mesmo ao conversar com alguém virtualmente, fica fácil de notar quem é real e quem não é, pois a conversa flui naturalmente, não existe aquele "intervalo" buscando elaborar as palavras, as respostas são rápidas  e quando são verdadeiras, chegam a desconcertar.

              E isso pode assustar quem não está preparado(a), pois se mesmo na vida real surgem as dúvidas do tipo... "isso me parece bom demais para ser verdade", imagine no virtual.

               Mas o mais espantoso, é que muitos acabam se expondo demais virtualmente, expoem fraquezas, desejos, adquirem coragem absurda para abordar e falar para uma pessoa desconhecida, palavras que pensadas na segurança do anonimato ainda fazem a face esquentar.

                    E aí enfiam os pés pelas mãos.

                    Declaram-se, aceleram situações que poderiam correr naturalmente, ficam expostos também aos "espertos" ( mau intencionados) de plantão, enfim, atropelam uma situação que na vida real poderia até ser normal, mas que tomam outra dimensão na vida virtual.

               E aí vem as carências, sofrências, e aquela maldita necessidade de manter a aparência.

                    São pessoas que saem divulgando sua fantasia acelerada de um relacionamento que ainda não existe, que saem alardeando que estão com alguém com quem realmente não estão, que começam a forçar um contato com este alguém cercando amigos, família, tentando forçar uma aproximação que na verdade, só gera um afastamento maior.

                    São os efeitos colaterais da carência, aqueles que me fazem lembrar das frases de rede social do tipo... "sou legal, não estou te dando mole". (autoexplicativa)

                   Porquê acelerar ? Porquê transferir necessidades e carências desta maneira para o mundo virtual ?

                   Todos expondo sentimentos, desilusões, vontades que deveriam ficar guardadas para si, através de posts teoricamente bem humorados, através de indiretas em imagens elaboradas, ou até mesmo em frases pensadas quando bate aquela... "sofrência".

                 A rede social é o celular de quem bebe na balada e liga para quem não deve, a única diferença é que a mesma ligação será recebida por milhares de pessoas, é a amplificação daquilo que deveria ser cada vez mais contido, daquilo que deveria ser íntimo para ter sua razão de existir.

                 E aqui para  e me pego pensando em um estudo que li anos atrás e cuja autoria infelizmente não me lembro, mas que dizia haver a constatação de que a adolescência estava terminando para os homens lá pelos... 35 anos! E para as mulheres por volta dos... 30!

                 Realmente, a fonte da juventude virtual, mudou conceitos, ideais, e infelizmente deixou mais "elástica" a linha que separa o rídiculo do bom senso, ou melhor, a tênue linha que separa a maturidade, da crenças nos contos melosos de livretos de romance, aqueles tipo "Sabrina" e afins que haviam nas bancas. ( e aí com toda a liberação da rede social... vem o livreto moderno com 50 tons de submissão e sexo pago disfarçado de romance... para suprir carências e fazer sonhar, nada contra, mas...   vivemos em um estado democrático certo ? E nele reconheço que cada um pode fantasiar com o que quiser, desde que saiba separar fantasia de realidade, ou não ;)  


                  " A autenticidade te diferencia dos demais "      

              Será radicalismo meu ? Ou apenas um dedo na ferida ?

                   Vamos tentar resgatar o "gostar", o "apaixonar-se", o "enamorar-se", o "encantar-se"... pela moda antiga, conheça, converse, pergunte, observe, não sonhe na velocidade da rede social, não projete na rede social aquilo que muitas vezes nem mesmo é virtual, apenas, deixe que a vide te leve, ela certametne fará com que passe pelas portas certas, no momento certo, não confunda o "flertar" (que é absolutamente saudável e faz bem ao coração), com uma promessa de compromisso.

                    Pratique o "se".

                    Preserve - se
                    Ame - se
                    Cuide - se
                    

                  E será respeitado(a), amado(a) e cuidado(a) quando chegar a hora, isso não se impõe e não se cobra.


                  De repente alguém já cuida de você... e você nem sabe.


                  Vamos deixar a carência na novela e nos filmes, a sofrência nas músicas de dor de cotovelo e as aparências para quem precisa da embalagem para se vender pela falta de conteúdo.


                   Papo reto... só isso.

                   E deixo a seguinte pergunta no ar;

              - QUANTAS PESSOAS VOCÊ CONHECE QUE CAEM NESTA ARMADILHA DA VIDA MODERNA ? E VOCÊ... JÁ CAIU ?

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