Será que esta é a pergunta à ser feita ?
Estranho, tem sido recorrente esse tipo de pergunta, de assunto... e confesso, não me sinto nada à vontade com isso.
Afinal, porquê trair tem sido lugar comum ?
Será que socialmente é um tipo de "modinha" ? Sinceramente não consigo compreender, não consigo ver isso como algo corriqueiro.
Nada... absolutamente nada justifica uma traição, justifica brincar com o sentimento do outro, com o valor da relação, e com o sentimento de todos aqueles que convivem diretamente com os envolvidos, porquê não ?
No final da minha adolescência, lá pelos 18... 19 anos... eu era sim inconsequente em relação à isso, errei, pisei na bola, magoei pessoas que gostavam de mim, mas aprendí a lição.
Certamente você está lendo e se perguntando " afinal, porquê esse assunto agora ? ".
Simplesmente porque nos últimos tempos encontrei vários conhecidos (homens e mulheres) que estavam passando por isso, pessoas cujo relacionamento era visto por todos como lindo, exemplar... até flagrei sem querer, uma pessoa que deixara o marido em casa e estava aos beijos dentro de um carro com outro. A pessoa me viu, ficou extremamente perturbada, eu fingi que não havia visto, mas essa pessoa correu e me alcançou, querendo explicar o inexplicável, desbotada com o susto, mas logo recobrou a cor... eu disse " apesar de tudo, eu não tenho nada com isso, acho que deve ter resposta na consciência de cada um, mas se eu esbarrei nessa cena, a pessoa que você está enganando pode esbarrar também... se você vai abrir o jogo em casa, como vai resolver isso eu não sei, mas não me envolva nisso... ".
Segui meu caminho, a consciência causando um turbilhão em mim, uma discussão interior, saber o que isso causa interiormente, saber como é doloroso, tudo isso pesando, um lado gritando, " exponha essa vag...." (não vou ficar com meias palavras), e outro lado dizendo... " tudo tem sua hora, quem age assim acaba se entregando, joga tudo para o alto, certamente a pessoa que a espera em casa está sentindo mudanças, está levando patadas por nada, vendo que só falta usar traje de gala ou espartilho para ir até o supermercado... e se não estiver vendo, não adianta você falar, pois provavelmente não será visto com justiça, ainda mais se a pessoa ainda sente algo por essa mulher...".
Complicado me colocar no lugar do outro, sabendo o que vai passar, o que deve estar passando, tudo fica mais intenso quando sabemos verdadeiramente como funciona.
Essa situação me atormentou por dias, e digo mais, meses à fio, fugi de cruzar com esse casal por muito tempo, e são pessoas que eu admirava, que eu respeitava ( ele eu ainda respeito ), pais de um menino muito bacana, tem a idade do meu caçula, educado, engraçado, gente boa como o pai, e espero que não tenha puxado os traços de caráter da mãe.
Porquê resolvi escrever hoje à respeito ?
Por ter encontrado caminhando ante ontem na praça, esse meu amigo, tarde da noite, nos esbarramos na hora da caminhada evitando o calor do dia, ele comentou que estava separado, notei que chegou a ficar com os olhos marejados, respirou fundo, segurou.
Sentamos num dos bancos, e ele disse que ela confessou as traições, as escapadas, e disse que eu flagrei um desses momentos.
Me sentí o último dos seres nesse momento, por não ter avisado, mas eu disse a ele como me sentí, o tormento que foi, e perguntei; " se eu tivesse falado, chegado até você e contado tudo, e ela negasse de pé junto, como ficaria isso ? Pergunto porque eu sei e dá pra ver o tanto que você gosta dela ainda, é palpável no ar, você viveram juntos por mais de uma decada, tem um filho, claro, como todo casal tem dificuldades, diferenças, relevar isso para não jogar pro alto como ela fêz, depende de uma maturidade emocional que poucas pessoas tem...".
Que sensação horrível, meu amigo chorou... copiosamente, como eu mesmo já chorei um dia, como qualquer um choraria nessa situação.
Falei para ele, que ele não perdeu nada, que deixou de ter a vida familiar que existia antes, mas ainda tinha um filho nota 10, amigos, e que eu compreendia como essa rotina caseira fazia falta, não se determina da noite para o dia que uma vida em conjunto pode sair de cena num estalo. Sei como é difícil aceitar que não se perdeu nada... por isso eu disse para ele; " Quem perdeu foi ela... perde quem trai, porque quem foi traído nao estava trocando chumbo como dizem, você foi fiel, porque foi fiel ao que tinham junto, ao que viveram juntos, ao filho que tiveram juntos, e por mais que existam problemas, nada pode ser maior do que isso, você nunca levantou a mão para ela, sempre esteve alí quando ela precisou, mas isso tem valor para pessoas como você, eu, enquanto que para pessoas como ela... não era nada demais, você serviu, virou rotina para ela, e ela resolveu que precisava fazer o que fêz,e com isso demonstrou que nunca foi verdadeira como você, isso é o que define quem trai... ".
Quantas figurinhas repetidas nessa troca, e o pior, agora ela aparentemente está arrependida, o procura de vez em quando, ou seja, é aquela velha prática de pessoas manipuladoras, descartam, mas depois dão aquele jeitinho de manter à mão, e porquê ficar ao alcance de quem desvaloriza tanto o outro ? Deixei aflorar o lado machista quando ele comentou isso, e resolvi que ele precisava de um pequeno choque de realidade para não cair nessa "arapuca".
Eu disse para ele;
" Cara, vou dizer uma coisa para encerrar esse assunto chato aquí, mas eu gostaria que você prestasse atenção nisso, eu não tive ninguém sentando comigo e abrindo meus olhos, falando o que eu deveria ouvir, e te digo, não é por experiência adquirida em leitura ou ouvir dizer, é marca na pele, na carne mesmo. Eu não sou o dono da verdade, mas eu acredito que quando são experiências vividas, realmente vividas,merecem atenção. Essa conversa de lavou tá novo, não existe nesse tipo de caso, se vocês fossem um casal liberal, que tudo estivesse as claras, seja lá o que fosse, seria uma coisa, mas no seu caso, não era assim, não foi assim, e por isso esse papo de lavou tá novo... não dá para deixar como gancho, porque não se lava a alma após um episódio desses, então, se quis ir, tenha certeza de que foi mesmo, mas que não volte, porque você nunca mais terá sossego, nunca mais vai vê-la chegar em casa e entrar correndo no banho, sem pensar no que estará... lavando, desculpe mas o papo deve ser reto. E digo mais, se ela está deslumbranda com outra pessoa, e que sabia da condição dela, logo ela quebra a cara, até porque, por mais que esse outro diga que não tem nada haver, ele estará apenas tirando a casquinha dele, porque para ele ou qualquer outro que venha depois, que tenha conhecido esse lado dela, sempre existirá o sentimento de que se ela jogou a família fora, é porque é tão descartável quanto... isso é machismo ? Ou será realismo ? Cara, faça bom uso dessas cicatrizes que você está cultivando agora, elas devem ter tanto significado quanto uma tatuagem, e se, veja bem, se algum dia surgir um pedido para reconsiderar, pense que a reconquista da confiança deve ser mais difícil do que tirar uma cicatriz com água e sabão, se for possível, demora... e muito, porque essa demora é que vai mostrar se a outra pessoa realmente quer ser merecedora da sua confiança ".
Acho que ficamos alí sentados em silêncio por mais uns 40 minutos, sem falar nada, até que ele agradeceu o papo, e combinamos de enterrar aquilo alí, me agradeceu por ter sido discreto, e disse que eu deveria colocar aqui o ocorrido, como sempre faço, porque talvez abra os olhos de mais alguém. ( ele sabe que muitos dos meus textos vieram de conversas assim, experiências próprias, e inúmeros desabafos e "papos cabeça" com pessoas que conseguiram olhar de fora o que viviam ).
Se tem algo que aprendí, foi que ninguém é perfeito, que meus defeitos por mais que pareçam imperceptíveis para mim nunca o serão para a outra pessoa, não sou magnânimo para perdoar ninguém nesse tipo de situação, compreendo que as vezes quem age como ela agiu, apega-se a palavra "delisusão", ou para ficar mais ligado aos tempos modernos... "perdeu o encanto", e ainda que tenha motivos para isso ( se foi agredida então, apoiaria totalmente ) é uma desculpa muito "esfarrapada", é uma base muito fraca para tal atitude. Não sei, é complicado, porque nesse tipo de caso, deixar que outra pessoa se aproxime, ser outra pessoa fora de casa, viver outra vida fora de casa, ou melhor... permitir que certas situações surjam e que não gostaria de ver o outro permitindo também, demonstra mais do caráter de alguém do que qualquer outra coisa. No fundo, nem devo julgá-la, a vida vai, porque eu sei que ela tinha um cara muito gente boa com ela ( o marido ), ela tinha algo que poderia não ser o conto de fadas que desejava, ou a vida que as "amigas" diziam ter, mas que era verdadeiro. Quem joga isso fora, dificilmente encontra outra relação na qual se encaixe, se o cara legal não servia, certamente só vai esbarrar em tipos como o que estava com ela quando era casada, ou seja, ele vale tanto quanto ela naquele momento. E não importa, quantas pessoas tragam "noticias" da vida de quem quis sair da sua vida, não importa que caiam em suas mãos fatos que possam denegrir mais essa pessoa, pois se eles existem, essa pessoa está destruíndo-se aos poucos, não precisa da sua ajuda. Na verdade se você está passando ou passou por isso, ajude a pessoa que você vê quando se olha no espelho pela manhã, é essa pessoa que merece cuidado, e se essa pessoa se ama do jeito certo, vai encontrar alguém que a ame do jeito certo também.
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