domingo, 18 de janeiro de 2015

ALICE NÃO CHEGOU AO PAÍS DAS MARAVILHAS...

       Tema estranho ?

      Não.

      Apenas mudei a abordagem de um assunto tão complicado quanto a situação que ele envolve.

     A... "bolha".

     Alice era era uma moça ativa, tinha amigas, não muitas mas prezava as que tinha...
     seus valores raros hoje em dia, estavam voltados à família, as situações que valorizam a convivência, hoje tão pouco praticadas.

     Alice conheceu o amor, não um amor qualquer, pois ela sonhara com o amor em si, aquele que diz as palavras doces que toda mulher sonha ouvir, algumas suspirando ao ler em livros românticos bem açucarados, ou ao acompanhar aquela novela, assistir aquele filme no qual o amor vence tudo.

     O amor chegara... e Alice que não cultivava o hábito de beber, sentia-se amortecida, embriagada com palavras, gestos e cuidados dignos dos romances que cultuava, aqueles de sua cabeceira.

     Ela planejava, sentia-se confortável com isso, era como se tivesse encontrado um meio de visitar um lugar paradisíaco, um lugar dos sonhos, uma viagem planejada nos mínimos detalhes.

    Mas toda viagem tem seu preço... e as vezes as paisagens exibidas na propaganda parecem fazer valer o que é cobrado.

    Alice encantada com esta possibilidade, não notou o preço e aos poucos foi abrindo mão de outros sonhos, e quando percebeu, deixara de conhecer outros lugares, outras realidades e acabara vivendo apenas para esta... viagem.
    Deixara de notar as paisagens à sua volta, os lugares, as pessoas... não deu mais atenção ao simples, mas viveu em seu sonho, a complexidade de uma promessa, que afinal... quem lhe fizera ?
       E os gestos, cuidados, mimos que chegaram junto com este amor... bem estes ficaram pelo caminho também, agora só existiam na propaganda desta agência de viagens chamada... imaginação.

    Alice... fechada em sua viagem, não notou que o preço era alto demais, e que a viagem era apenas utópica.

    E assim percebeu Alice que o país das maravilhas era imaginário,e que todo o sonho de momentos tão paradisíacos quanto os locais sonhados, eram apenas... projeções.

    O tempo passara... Alice abriu mão de sonhos, e do seu jeito espontâneo de ser. Fechou-se em uma bolha, vivia para ele e na crença de que ele viveria para ela, como nos livros, filmes e novelas, viu o tempo esvair-se assim.
    
    E Alice compreendeu, que deixara a sua vida de lado, que deixara sua alegria em segundo plano, que vivera um sonho a dois... sozinha.
    Nem sempre o outro sonha o mesmo sonho, talvez algo parecido, mas a intensidade e o desejo de concretizá-lo, nunca será o mesmo, é a decepção pautada na projeção.

    De repente o conto de fadas tornou-se um fardo que não valia um conto.

    E Alice percebeu então, que deveria buscar não o príncipe encantado, mas sim aquele que não a deixaria mudar, que a incentivaria a cultivar aquela alegria, aquele espaço, aquele jeito Alice de ser.

   Aquele que assim o fizesse... seria sim capaz de levá-la aonde ela não conseguiu chegar...   ao País das Maravilhas.

   As vezes o País das Maravilhas está ao alcance... mas de repente, não sendo aquele cavalheiro descrito no romance parado à entrada, a atenção não tenha sido a mesma, quem sabe ?

    E agora... Alice retoma seu sonho mais preparada ? Ou apenas inicia outro conto, e torna-se a gata borralheira esperando ser resgatada ?

   " As vezes o príncipe encantado de outrora, torna-se o sapo de agora... "

    Para todas as Alices...  que chegaram ao ponto de compreender a analogia.

    Como disse Yeats.

     " ESTES SÃO MEUS SONHOS QUE DEPOSITO AOS SEUS PÉS, CUIDADO AO PISÁ-LOS".

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