O viajante... viaja não só pelo espaço físico, mas pela própria alma quando conhece a si mesmo.
Todo aquele que conhece o próprio lar e o vê desta maneira, sempre que sai pela porta ou olha pela janela, torna-se um viajante, ele sabe e reconhece o local ao qual pertence, sabe para onde deve voltar quando sai, sabe qual o seu porto seguro, seu "cantinho" neste mundo.
E assim ele viaja, pode ser uma volta no quarteirão, se ele sabe de onde veio, tudo o que o cerca sempre será novidade, mesmo as cercas e muros recobertos por "unhas de gato" ou uma simples pintura serão novidade, este é o espirito do viajante, observar, admirar, reconhecer as nuances e belezas mais simples, pois quando volta, ele leva isso consigo para o seu espaço.
Internamente somos assim também, somos viajantes, deixamos nosso cantinho seguro quando nos envolvemos com alguém emocionalmente, quando nos deparamos com situações estressantes do dia a dia, e este stress só aumenta pois acabamos nos esquecendo de voltar de vez em quando, de entrar e olhar para fora pela janela, perdemos a objetividade e o rumo, olhamos ao redor e não achamos mais o caminho de casa, o caminho da segurança, mas aqueles que aprendem o caminho, que não esquecem a sua essência, voltam.
O mais importante para poder viver sempre estas experiências e não viver fechado em si mesmo, é saber quem você é, o que você é, de onde veio, e principalmente, ter consciência de que todos nós arriscamos estes "passeios", somos uma grande vizinhança, pode ser um passeio solitário, com amigos ou com alguém que esteja caminhando lado a lado com você, aquele alguém com quem você divide o sorvete, e que merece o chocolate no final da casquinha.
O verdadeiro viajante flana pelo mundo com desenvoltura, para ele nunca existirão distâncias longas demais, nem jornadas tão exaustivas que ele não possa relembrar com carinho e emoção, mas isso só é possível porque o verdadeiro viajante sabe de onde veio, tem consciência de onde quer chegar, e nunca perde o caminho de volta que é a sua essência.
Aquele que não se encontrou ainda, que não reconhece seu próprio canto seguro, nunca estará satisfeito com a jornada, sempre estará esperando mais, simplesmente porque ainda não achou o próprio espaço, e não são novos caminhos que ele busca mas sim seu próprio "canto".
A analogia da viagem no espaço físico e da viagem na alma é sempre válida porque no final o personagem principal... é você.
Seja a viagem uma aventura rápida, ou uma longa caminhada, o mais importante é o respeito pelos outros que se aventuram também, estejam eles próximos ou não, cruzando ou não seu caminho, e se for alguém que se dispôs a dividir a aventura com você merece mais respeito ainda, pois deixou sua zona de conforto para se arriscar com você e vice versa... respeito é bom para todos, em todos os sentidos.
Para ser um viajante, basta reconhecer que o passeio ao redor da quarteirão ou do globo sempre terá um porto seguro de descanso, que é o seu canto, seu lar, e que as viagens da alma não importando o tempo e a distância percorridos, sempre terão ai dentro do seu peito aquele espaço para se abrigar, aquele espaço precioso que tão bem conhece e sabe o valor que tem, e aquele(a) parceiro(a) de viagem pode estar sempre com você ou não, e se não der certo a parceria, que ambos tenham seu canto seguro... lembre-se sempre respeite quem te acompanhou, por alguns metros ou por milhas e milhas, o verdadeiro viajante sabe e oferece sempre o respeito que também espera.
Somos todos "vizinhos", respeitamos cercas e limites (físicos e morais) interagir exige respeito, e assim como você respeita outras culturas, respeite quem divide o caminho com você, seja este caminho o da amizade, profissional, ou amoroso... a vida tem inúmeros caminhos e decisões, percorrê-los só ou acompanhado só depende do verdadeiro espirito do viajante, aquele adquirido com o tempo.
Quem entendeu as analogias, com certeza entendeu o caminho e sabe o que significa esta "vizinhança".
Se estamos no mesmo caminho, fico feliz, e agradeço a sua companhia, se não estamos... espero que a sua jornada seja tão boa quanto a minha.
O viajante, só é "viajante" porque tem para onde voltar...
Rogério "Téo" Marques
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