E viveu a vida.
Viveu momentos, imaginava conhecer o amor, mas no fundo não sabia qual o real significado da palavra.
Quando nova, não via problema algum em "fazer fila", afinal, se já estava ali mesmo, porquê não ?
Não se comprometia.
Com o tempo, não veio a maturidade, mas uma providencial calmaria.
Parecia que tudo se encaixava, mas no fundo, aquela velha veia de adolescente ainda pulsava.
Jogou tudo para o alto, e atirou-se novamente a vida, ouvia conselhos de quem jamais deveria, espelhava-se em exemplos que não davam certo em relacionamento algum, mas não admitia.
Encontrou a sua zona de conforto.
Reconhecimento, ser cobiçada, ser objeto de desejo, sempre nas rodinhas tão... "falada".
Mas... não atentou-se a maneira como era vista, e ao invés de cobiçada por ter valor para exclusividade, foi passada de cama em cama, e ainda que por alguns que repassavam a história ou estória, foi exposta sem saber, com provas bem documentadas tanto de conversas picantes digitadas, quantas imagens e até cenas bem gravadas sem o seu consentimento, mas que passaram de mão em mão, com as dicas de como conseguir chegar nela, e ter claro o seu momento.
E no espelho quando arrumava-se, caprichava, não mais por amor próprio, mas por imaginar... o que o outro veria.
O amor próprio morreu lá atrás, quando ao ouvir os primeiros conselhos errados, ao invés de pesar sua vida e seguir em frente, sem olhar para os lados, pensou... "será" ?
E o... "será" ? Tornou-se... "porquê não" ?
E entregou-se ao primeiro que insistiu, não sentiu culpa, mas sim aquela emoção de adolescente fazendo algo de errado, mas vendo que estava ( no momento) dando certo.
E na dúvida, repetiu este expediente várias vezes, até decidir que deveria abrir mão do que vivera até ali, do que construíra, para "viver".
Mas a vida cobra, a vida ensina, e ainda que demore para notar as lições, ou que não seja agradável reconhecê-las, elas estão alí, é como aquela caderneta da vendinha da esquina, você vai marcando, marcando, marcando, e quando percebe que ela está cheia e que pode pesar, atravessa a rua, imaginando que a vida atrás do balcão, vai esquecer de tudo aquilo que foi marcado.
Só que um dia, a vida, dona da vendinha, bate à sua porta, porque esse mundo é tão pequeno quanto a menor cidade, e ela sabe onde voce mora.
E você ali, imaginando retomar o seu rumo, viver outra vida ( aparentemente ), pede para quem divide a casa com você, atender a porta, ou, simplesmente a pessoa atende antes de você.
E dá de cara com as suas contas penduradas com a vida, o quê essa pessoa verá anotado alí ?
Fingir deixar aquela vida, se ainda mantém laços, conversas, ou se arruma pensando no que verão, só torna-se mais uma anotação na caderneta daquela vendinha.
Não entendeu a vendinha ?
Se não entendeu, sinto muito, mas certamente a conta será impagável lá adiante.
A vida expõe nas prateleiras várias opções, quem vai pegar o que deseja é você, e como bem sabemos, nem sempre o que é mais gostoso, é saudável, que vida você deseja lá na frente ?
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O presente texto, foi realmente um presente, fruto de uma conversa de horas com alguém que não via a anos, e que rendeu tudo o que foi escrito, conversamos, e em conjunto notamos algo, que isso tudo é mais comum do que se imagina, infelizmente. Na vida não existem santos ou demônios, mas sim opções, escolhas, e claro, as contas que vem com estas.
Me vi nos olhos marejados dela quando me contou como foi quando a vida cobrou, e principalmente, como foi quando tentou resgatar por várias vezes aquilo que abandonou lá atrás, e que foi muito mais difícil reconquistar aquele momento, porque ele não volta sem marcas, cicatrizes, e sem "pé atrás", mas confessou que foi muito libertador, e que apesar de ser muito difícil, admite que nenhum esforço será pesado o suficiente, perto do que veio na conta da vida. ( E fiquei feliz pois cheguei a conhecer o companheiro dela, sim, companheiro, alguém que voltou a estar ao seu lado, apesar de todas as ressalves mais do que compreensíveis, pois ambos tinham uma história, e ela por um momento de egoísmo, jogou fora, ambos se amam, mas ela confessou que ele não demonstra mais a mesma confiança, e exige reiteradas demonstrações de lealdade e honestidade, mas que ela não pensa duas vezes ou se sente ofendida, e expõe tudo sempre, porque ela sabe o que perdeu, e viu que lá adiante não haveria nem sombra de uma vida com amor e carinho verdadeiros, me disse que mostra, expõe, responde qualquer questionamento dele, e mesmo que num primeiro momento pareça ofensiva a desconfiança, ela depois se sente aliviada e leve... como a vida deveria ser) (NÃO ESTÁ CULTIVANDO UMA DÍVIDA COM A VIDA)
Uma amiga que considero porque quando a vi entrar nesta vida, não pensei em "tirar uma casquinha", em consideração ao que ela era quando a conhecí, e por saber, por ter aprendido sob várias formas, que eu não poderia estar na prateleira das escolhas equivocadas (é muito ruim ouvir de alguém ou descobrir, que alguém pensa que ter estado com você, foi um erro), isso não seria justo com ela, nem tampouco comigo, pois sei bem como é.
Posso ter vários defeitos (sim e são muitos), mas jamais me aproximaria de uma mulher que estivesse descontente com o relacionamento dela, e até desabafando à respeito comigo ( e até acredito que esse tipo de desabafo que abre brechas, já seja de caso pensado na esmagadora maioria das vezes, como termina pode corroborar essa minha visão), pensando que alí haveria uma "brecha", mesmo que fosse certa a conquista, pois isso falaria mais à respeito do meu caráter, do que do dela.
Cada vez mais acredito que a vida é cíclica, ela resgata situações que vão testar o nosso aprendizado, a nossa evolução pelo caminho, passando pelas mesmas opções entre as prateleiras, e a vida ali observando quando nos demorarmos suspirando e pensando novamente "porquê não ?", ou olhando para o outro lado e buscando aquilo que no passado foi deixado por não ser mais... opção.
Agradeço a esta amiga, que leu o texto, reconheceu que saiu de nossa conversa, viu as imagens e me autorizou a colocar tudo isso aqui, dizendo que era algo que gostaria de reler sempre, para cada vez mais separar a vida que leva hoje, da que jamais deveria levar.
E o melhor, ela me ligou e disse que ao ler isso, reviveu até o sentimento do momento no qual ouviu de pessoa próxima "não se culpe, você não está fazendo nada de errado, tem o direito de ser feliz, e isso não é errado", hoje ela reconhece que ouviu pessoas que mal conseguem uma relação saudável, opinando sobre a dela.
Não posso dizer que em partes não me tocou o que ela contou, por ter vivido algo parecido, mas do outro lado da história, e posso dizer com todas as letras, que isso é capaz de destruir uma pessoa, destruir sua autoconfiança, seu amor próprio, demora, e jamais serão cicatrizes, mas sim escaras, que doem a cada movimento, sangram, doem, incomodam, e nunca te deixam relaxar e viver novamente um amor pleno, porque a pessoa que chega será sempre vista com uma desconfiança que pode ser mesmo que ela não mereça.
Enfim... nada é por acaso, nada que comece de maneira torta, errada, terminará do jeito certo, ou gerará bons frutos.
Lembre-se, este texto serve tanto para homens quanto para mulheres que naquele momento crucial da vida, quando devem fazer a si mesmos a pergunta certa, partem para o... "porquê não ?" ao invés de... "eu preciso disso ?"praticamente uma determinante do futuro que esta pessoa terá, o plantio é opcional, a colheira não ?
Piegas... ? Plante e quando for colher, verá.