quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

A VIDA/DÍVIDA QUE NÃO PRESCREVE.

           E viveu a vida.


           Viveu momentos, imaginava conhecer o amor, mas no fundo não sabia qual o real significado da palavra.

            Quando nova, não via problema algum em "fazer fila", afinal, se já estava ali mesmo, porquê não ?


          Não se comprometia.


         Com o tempo, não veio a maturidade, mas uma providencial calmaria.

                 Parecia que tudo se encaixava, mas no fundo, aquela velha veia de adolescente ainda pulsava.

                  Jogou tudo para o alto, e atirou-se novamente a vida, ouvia conselhos de quem jamais deveria, espelhava-se em exemplos que não davam certo em relacionamento algum, mas não admitia.



                    Encontrou a sua zona de conforto.

                    Reconhecimento, ser cobiçada, ser objeto de desejo, sempre nas rodinhas tão... "falada".



                    Mas não atentou-se a maneira como era vista, e ao invés de cobiçada por ter valor para exclusividade, foi passada de cama em cama, e ainda que por alguns que repassavam a história ou estória, foi exposta sem saber, com provas bem documentadas tanto de conversas picantes digitadas, quanto imagens e até cenas bem gravadas sem o seu consentimento, mas que passaram de mão em mão, com as dicas de como conseguir chegar nela, e ter claro o seu momento.


                         E no espelho quando arrumava-se, caprichava, não mais por amor próprio, mas por imaginar... o que o outro veria.

                         O amor próprio morreu lá atrás, quando ao ouvir os primeiros conselhos errados, ao invés de pesar sua vida e seguir em frente, sem olhar para os lados, pensou... "será" ?

                           E o... "será" ? Tornou-se... "porquê não" ?

                            E entregou-se ao primeiro que insistiu, não sentiu culpa, mas sim aquela emoção de adolescente fazendo algo de errado, mas vendo que estava ( no momento) dando certo.

                           E na dúvida, repetiu este expediente várias vezes, até decidir que deveria abrir mão do que vivera até ali, do que construíra, para "viver".

                       Mas a vida cobra, a vida ensina, e ainda que demore para notar as lições, ou que não seja agradável reconhecê-las, elas estão alí, é como aquela caderneta da vendinha da esquina, você vai marcando, marcando, marcando, e quando percebe que ela está cheia e que pode pesar, atravessa a rua, imaginando que a vida atrás do balcão, vai esquecer de tudo aquilo que foi marcado.


                          Só que um dia, a vida, dona da vendinha, bate à sua porta, porque esse mundo é tão pequeno quanto a menor cidade, e ela sabe onde voce mora. 

                            E você ali, imaginando retomar o seu rumo, viver outra vida ( aparentemente ), pede para quem divide a casa com você, atender a porta, ou, simplesmente a pessoa atende antes de você.

                            E dá de cara com as suas contas penduradas com a vida, o quê essa pessoa verá anotado alí ?

                             Lembre-se, quem anotou...   foi você.

                             Fingir deixar aquela vida, se ainda mantém laços, conversas, ou se arruma pensando no que verão, só torna-se mais uma anotação na caderneta daquela vendinha.

                                Não entendeu a vendinha ?

                              A vida expõe nas prateleiras várias opções, quem vai pegar o que deseja é você, e como bem sabemos, nem sempre o que é mais gostoso, é saudável, que vida você deseja lá na frente ?


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O presente texto, foi realmente um presente, fruto de uma conversa de horas com alguém que não via a anos, e que rendeu tudo o que foi escrito, conversamos, e em conjunto notamos algo, que isso tudo é mais comum do que se imagina, infelizmente. Na vida não existem santos ou demônios, mas sim opções, escolhas, e claro, as contas que vem com estas.

Me vi nos olhos marejados dela quando me contou como foi quando a vida cobrou, e principalmente, como foi quando tentou resgatar por várias vezes aquilo que abandonou lá atrás, e que foi muito mais difícil reconquistar aquele momento, porque ele não volta sem marcas, cicatrizes, e sem "pé atrás", mas confessou que foi muito libertador, e que apesar de ser muito difícil, admite que nenhum esforço será pesado o suficiente, perto do que veio na conta da vida.

 Uma amiga que considero porque quando a vi entrar nesta vida, não pensei em "tirar uma casquinha", em consideração ao que ela era quando a conhecí, e por saber, por ter aprendido sob várias formas, que eu não poderia estar na prateleira das escolhas equivocadas, isso não seria justo com ela, nem tampouco comigo, pois sei bem como é.

Cada vez mais acredito que a vida é cíclica, ela resgata situações que vão testar o nosso aprendizado, a nossa evolução pelo caminho, passando pelas mesmas opções entre as prateleiras, e a vida ali observando quando nos demorarmos suspirando e pensando novamente "porquê não ?", ou olhando para o outro lado e buscando aquilo que no passado foi deixado por não ser mais... opção.

Agradeço a esta amiga, que leu o texto, viu as imagens  e me autorizou a colocar tudo isso aqui, dizendo que era algo que gostaria de reler sempre, para cada vez mais separar a vida que leva hoje, da que jamais deveria levar.